sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Revista Teleculinária

Reportagem sobre Gastronomia de Viseu com a participação do Restaurante Forno da Mimi e a Confraria.

 

 

 

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A LENDA DO VINHO DO DÃO




Há muitos, muitos anos fez Baco uma visita ao seu bom amigo Endovélico, o deus dos deuses da Lusitânia .
Atravessou serras, subiu, penosamente, ladeiras até chegar a terras banhadas por um rio a que os locais chamavam de Dão.
Perto daquele local encontrava-se um casal de lusitanos com seu filho, junto a uma pequena cabana de pedra e troncos.
Baco ao vê-los correu para eles gritando:
— Pelos deuses, tende piedade deste pobre caminhante e dai-me de beber!
O bom homem entrou na cabana e regressou com uma escudela de barro cozida ao sol, cheia de água.
— Água?! Acaso não tendes vinho?
O lusitano arregalou os olhos, cofiou a barba e disse, entre admirado e espantado:
— Vinho? O que vem a ser isso de vinho? Quereis vós comida?
E sem esperar resposta, entrou na cabana e voltou com uma perna de cabrito assada.
Baco comeu e à despedida, comovido pela generosa hospitalidade do bom luso, disse-lhe:
— Ainda um dia hás-de saber o que é o vinho. E, sem mais, partiu acenando um último adeus aos seus anfitriões.
Anos mais tarde, uma centúria romana marchava por terras lusas e, ao ver a cabana do lusitano, parou.
Os legionários deixaram a forma e cada um deles abriu uma vala na qual colocaram uma videira.
No final, voltaram à formatura e partiram tão silenciosamente como haviam chegado. Num dos bacelos deixaram uma tabuleta com a seguinte mensagem:
“Baco oferece reconhecido”.
A seu tempo, aquelas videiras deram o seu fruto que o luso, por intuição ou intervenção divina espremeu e deixou a repousar até ao Inverno seguinte. Quando, finalmente, o provou ficou maravilhado com tão delicioso néctar.
Assim, da generosidade de um pobre lusitano e do reconhecimento do bom Baco, nasceu o generoso e salutar Vinho do Dão.

(Capítulo de Verão/Dia Nacional do Vinho – 5 de Julho de 2008)
Adaptado por Maria Odete Madeira
(Chanceler-Mor da Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”)
Confraria dos Saberes e Sabores da Beira “GRÃO VASCO”

Apresentação
Nome Próprio: Confraria de Saberes e Sabores da Beira
Apelido : Grão Vasco
Naturalidade : Viseu
Endereço : Av. Caloustre Gulbenkian, nº 22 R/C , 3510 Viseu


Objectivos Orogramáticos: Promover, divulgar e preservar o patrimóniogastro-enófilo da Beira nas suas diversas componentes pugnando pela genuinidade da culinária autóctone e pela autenticidade dos vinhos e bebidas espirituosas e bem assim valorizar os usos e costumes tradicionais beirões.

Orgãos Sociais:
• Nobre Senado (Assembleia Geral)
• Almoxarifado (Direcção)
• Conferente (Conselho Fiscal)

Organização Interna
:• Conselho Gastronómico
• Conselho Enófilo
• Conselho de Artes e Tradições

Estruturas:
• Ágora ( Estrutura Juvenil)Complementares:
• Colegiada Coleccionista “Grão Vasco”
• Sabores da Música (Tuna Musical)
• Tertúlia Eduardina ( Espaço livre de debate)
Actividades Sociais:
• Capítulos (trimestrais)
• Jantares Confrádicos (mensais)
• Congresso de Artes e Tradições Portuguesas (anuais)
• Encontro de Sons Etnográficos (anual)
• Encontros Confrádicos da Beira (anual)
• Festivais Gastronómicos do Caldo (anual)
Actividade Editorial
• Monografias:“Alafum de Prazeres”“Alexandre Alves – Investigador”“À mesa com Isabel Silvestre”“José Madeira – Um Homem de Viseu”“Fortunato de Almeida e a Igreja em Portugal";

• Programas de Capítulos• Livro do Encontro Confrádico da Beira• Revista “Alquimia de Saberes e Sabores”

Lema : Arraial, Arraial, pela Beira, Por Portugal



OBJECTIVOS:
A Confraria de Saberes e Sabores da Beira – “Grão Vasco” visa:
1. – Promover e divulgar a gastronomia tradicional da Beira nas suas diversas componentes e bem assim os vinhos e bebidas espirituosas produzidas em terras beirãs:2. – Investigar e pugnar pela genuinidade da culinária autóctone da Beira;3. – Patrocinar a recolha de usos e costumes tradicionais dando-lhes a respectiva divulgação;4. Incentivar a edição de trabalhos audiovisuais e escritos sobre cultura regional;5. – Realizar acções de carácter cultural que consubstanciem a defesa e a preservação do património gastro-enófilo da Beira;6. – Incrementar de forma pedagógica junto dos estabelecimentos de restauração e afins a preservação da gastronomia beirã.


RAZÃO DE SER:
Num tempo de globalização tornava-se urgente congregar esforços para a defesa desse vastíssimo património identitário beirão que importa preservar e transmitir aos vindouros.
Foi nestes pressupostos que um grupo de cidadãos sedeados na cidade de Viseu, resolveu criar uma Instituição cultural que aglutinasse todos aqueles que de uma forma generosa e voluntária se vão preocupando com a valorização da matriz cultural beirã.


Nesse sentido, por escritura notarial de 19 de Abril de 2002, nasceu a CONFRARIA DE SABERES E SABORES DA BEIRA – “GRÂO VASCO” que vem desenvolvendo um trabalho estruturado por forma a contribuir para a diginificação desta briosa região beirã.
A nossa acção conjuga o prazer com a razão tendo como pólo aglutinador a mesa onde procuramos interligar os saberes com os sabores em permanente complementaridade.
A identidade de um povo também se faz pela sua culinária e por isso temos vindo a promover um conjunto de acções de divulgação e preservação da nossa gastronomia tradicional.
Estamos a começar uma longa caminhada em defesa dos nossos usos e costumes e como sabemos o caminho faz-se caminhando.

Por isso nos atrevemos a escolher Grão Vasco, arauto da pintura renascentista, como patrono da Confraria acolitado pelo Infante D. Henrique, como patrono do Conselho Enófilo, do escritor Aquilino Ribeiro como Patrono do Conselho Gastronómico e do boémio fadista Augusto Hilário como patrono do Conselho de Artes e Tradições.

Júlio Cruz
Couteiro Editorial

SONETO POR FERNANDO ALMEIDA RUAS

SONETO

A Confraria "Saberes e Sabores"
Tamanhas alegrias nos vem dando
Atendendo aos sábios Valores
De quem de "Saberes" vai palestrando!

"Entreténs-de-boca" deliciosos
Temos aprendido a saborear
A que se seguem "quentes" saborosos
Feitos com refinado paladar!

Fruta e doces, alguns Conventuais
(que disso sabia o Sr. Abade)
Culminam estes nossos "Festivais".

E é assim, com plena liberdade,
Que se quer, com prazeres divinais,
De "Saberes e Sabores" ser Confrade!

Mr. Streets (Julho 2008)
(Vale pela "piada", já que "valor" não tem)

FERNANDO ALMEIDA RUAS

sábado, 21 de junho de 2008

Confraria Grao Vasco apadrinha Academia Gastronómica e Cultural da Caça

A Confraria dos Sabores e Saberes da Beira - Grão Vasco apadrinhou a nova Confraria Academia Gastronómica e Cultural da Caça.
A cerimónia de entronização, que contou com a presença de ilustres individualidades oriundas de vários pontos do país, realizou-se no passado dia 24 de Maio, pelas 16h, na Igreja da Misericórdia, sendo servido o jantar no Hotel Rural Vila Meã.
Foi uma grande honra para a nossa confraria apadrinhar este acto.

Confraria Grao Vasco apadrinha Academia Gastronómica e Cultural da Caça
















De São João a São Pedro

No ar há alegria!
A pequenada busca nos pinhais vizinhos do povoado o rosmaninho que trará muita animação às ruas da aldeia, nesta noite festiva e especial. Festa do fogo no paganismo, o cristianismo transformou-a em festa religiosa honrando S. João Baptista. No entanto, o elemento pagão ainda hoje permanece vivo nas tradições populares com as fogueiras de S. João.
Nos campos espetam-se, ao fim da tarde, ramos de codeço ou hastes de castanheiro para afugentar as bruxas, para livrar o milho das “bichas” ou para abençoar e fazer produzir as colheitas desse ano.
Noite serrada, acendem-se fogueiras, queimam-se rosmaninhos e a alegria estende-se e contagia a alma e os corações de toda a gente. Esquecem-se tristezas, desgraças, preocupações e tantas outras agruras do dia-a-dia. Os mais audazes saltam por sobre o fumo intenso e perfumado que o rosmaninho verde provoca para “tirarem a ronha”, que é como quem diz, para se purificarem e exorcizarem de todos os males. E cantam; e dançam; numa alegria total e contagiante.
Pelas ruas da aldeia, ouvem-se bandos de mulheres com suas vozes romanceadas a cantar:

De S. João a S. Pedro
Quatro, cinco dias são;
Ala, ala S. João ala, ala.
Este tempo é que nos regala.

Regala-me o teu cantar
O teu cantar me regala;
Ala, ala S. João ala, ala
Este tempo é que nos regala.

É a noite de S. João!
Nesta noite que o povo simples e ingénuo continua a conotar com o amor, com a paixão, com os problemas do coração, as moças casadoiras, ansiosas por encontrar os seus bem amados, buscam as suas sortes amorosas por meio de “sortes” e mezinhas. A “sorte” dos ovos é, talvez, a mais utilizada: na noite de S. João, mais precisamente à meia-noite, parte-se, cuidadosamente, um ovo de galinha e lança-se num copo cheio de água que se deixa ao relento. No dia seguinte, conforme o desenho da clara na água assim será a profissão do futuro namorado. Há jovens que ao procederem a este ritual dizem:

S. João, de Deus amado
S. João, de Deus querido
Dai-me a minha boa sorte
Neste copinho de vidro.

Outras procuram a sua sorte colocando-se à meia-noite em frente a um espelho, acendendo uma vela e descobrindo, à medida que na torre da igreja dão as doze badaladas, que rosto se irá reflectir no espelho pois, crêem, esse será o do seu amado. A folha da oliveira também prognostica amores, por isso há quem tente a sua sorte com três folhinhas de oliveira. Estas, depois de a moça dar um nome a cada uma delas, são lançadas ao lume dizendo-se:


Ó meu S. João, de Deus,
Ouvi-me que eu sou solteira;
Destinai o meu marido
Nestas folhas de oliveira.

A primeira folha que estalar dirá qual o nome do futuro marido. Mas não confiantes nestas sortes, ainda apelam, como quem reza, ao santinho:

Em louvor de S. João,
A ver se o meu amor
Me quer bem ou não!

Noite dentro, a festa continua. Desta vez quem impera são os rapazes. Revestindo-se de todas as artimanhas possíveis e imaginárias, roubam aos menos cautelosos vasos de flores, utensílios agrícolas, enfim, tudo o que lhes vier à mão. Geralmente, os vasos vão embelezar os degraus da igreja, o velho chafariz de granito ou a fonte medieval no centro da aldeia, enquanto os utensílios agrícolas são espalhados pelos locais mais improváveis, obrigando os donos a calcorrear, furiosamente, todos os caminhos da aldeia em busca do que é seu. Enfim, são as marcas de S. João para gáudio de uns e desespero de tantos!
É dia de S. João!
O cheiro a rosmaninho ainda percorre a aldeia. Ainda há, aqui e ali, vestígios de uma festa que durou quase até ao amanhecer, trazendo nostalgia aos mais velhos e brincadeira, esperança e muita alegria aos mais jovens.


Maria Odete Madeira
(Chanceler-Mor da Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”)