segunda-feira, 19 de abril de 2010

O MÊS DE ABRIL NO RIFONEIRO POPULAR


A rês perdida em Abril cobra vida.
A três de Abril o cuco há-de vir
A ti chova todo o ano e a mim Abril e Maio
As manhãs de Abril são doces de dormir
Abril cheio e molhado enche o celeiro e farta o gado
Abril e Maio são as chaves do ano.
Abril frio e/ou molhado, enche celeiro e farta o gado
Abril frio pão e vinho
Altas ou baixas, em Abril vêm as Páscoas.
Chuvinhas d'Ascensão das palhinhas fazem pão.
Depois dos Ramos na Páscoa estamos
Do grão te sei contar que, em Abril, não há-de estar nado nem por semear
É próprio do mês de Abril as águas serem às mil
Em Abril águas mil, canta o carro e o carril
Em Abril águas mil, coadas por um funil.
Em Abril guarda o gado e vai onde tens de ir.
Em Abril queijos mil e em Maio três ou quatro
Em Abril sacha e semeia que o céu te abençoa e remedeia
CONFRARIAS


Desde há muitos séculos e pelos motivos mais diversos, o Homem, tal como hoje, teve necessidade de se agregar com os seus semelhantes.
O desejo de prestar auxílio, de sobreviver ou de regrar a conduta humana como meio de facilitar a vida em sociedade norteou a origem dessas comunidades.
É pois, com base nestas necessidades que surgem na Idade Média as confrarias. De carácter semi-laico ou semi-religioso, proliferam por toda a Europa no século XII, atingindo o seu apogeu no século XIII, muito graças à acção das ordens mendicantes destacando-se, neste caso, a ordem franciscana, a quem se deve a origem de muitas confrarias que então surgiram.
A ideologia cristã esteve na base da criação da maioria das confrarias medievais, erigidas ao redor de capelas e igrejas, cujo orago era também o seu patrono.
Segundo Pedro Penteado , existem vários tipos de confrarias, a saber:
— As de índole Penitencial, cuja acção é, essencialmente, de expiação dos pecados, recorrendo à flagelação ou a outras práticas disciplinares como forma de atenuar eventuais falhas cometidas;
— As Caritativas, centradas na prática da caridade e da beneficência cristãs, prestando auxílio aos mais necessitados (na morte, na doença, na pobreza, na solidão, entre tantas outras carências);
— As Devocionais, direccionadas para a celebração de uma devoção especial, como a Imaculada Conceição, por exemplo, e que visam, também, promover outras devoções como acontece com as confrarias religiosas encarregadas de promover o culto e a festa nos santuários;
— As de Ofícios que, apesar de terem na sua base um fim cultual, se preocupam com o reforço da sociabilidade e da integração profissional dos seus membros.

Após um longo período de quase total inércia, eis que nos finais do século XX o movimento confrádico ressurge e prolifera por todo o país a um ritmo acelerado. Para além da conotação religiosa que sempre esteve inerente às confrarias de outros tempos, o desejo de preservar, defender, promover e divulgar o que é nosso e melhor nos identifica, quer dentro quer além fronteiras, levou o Homem a unir-se, a criar as confrarias assumindo o compromisso de divulgar a sua Gastronomia, o seu Vinho, os seus Usos e Costumes, enfim as suas mais genuínas marcas culturais.
Em Viseu esse desejo fez nascer em 2002 a Confraria de Saberes e Sabores da Beira “Grão Vasco” que, de acordo com o Art.º 3.º dos seus Estatutos, se vê obrigada a:

- “Promover e divulgar a gastronomia tradicional da Beira nas suas diversas componentes e bem assim os vinhos e bebidas espirituosas produzidas em terras beirãs”;
- “Investigar e pugnar pela genuinidade da culinária autóctone da Beira";
- “Patrocinar a recolha de usos e costumes tradicionais dando-lhe a respectiva divulgação”;
- “Incentivar a edição de trabalhos audiovisuais e escritos sobre cultura regional”;
- “Realizar acções de carácter cultural que consubstanciem a defesa e a preservação do património gastro-enófilo da Beira”;
- “Incrementar de forma pedagógica junto dos estabelecimentos de restauração e afins a preservação da gastronomia beirã”

Ao longo destes 7 anos de actividade, pensamos ter cumprido o objectivo primeiro que uniu tanta gente de boa vontade nesta tão nobre causa e, embora se tenha de debater com as dificuldades habituais nestes movimentos, esperamos que possa continuar a fazê-lo por muitos anos, pois a nossa Cultura é e será sempre a marca que nos distinguirá de todos os outros povos.


Maria Odete Madeira
(Chanceler-Mor da Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”


A titulo de curiosidade, aqui fica uma lista de algumas das várias publicações desta CONFRARIA