sábado, 29 de novembro de 2008

FESTA DA SOPA - VI FESTIVAL DO CALDO




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A Delegação de Viseu da Fundação do INATEL e a Confraria de Saberes e Sabores da Beira “Grão Vasco” vão organizar, em parceria, o “FESTA DA SOPA – VI FESTIVAL DO CALDO EDIÇÃO 2008”, que terá lugar no Pavilhão do INATEL de Viseu, no dia 06 de Dezembro.
Programa:15H00 – Inicio do Certame, Palestra sobre Nutricionismo, Venda de “Kits”;
16H00 – Degustação de Sopas, Animação musical;
Participam neste evento 40 Restaurantes do Distrito de Viseu, com a degustação de aproximadamente 60 sopas.
Edição total de 4.000 mil livros alusivos ao evento, contendo todas as receitas das sopas presentes.
Estima-se uma participação de 3500 a 4000 pessoas;
Entrada: 5,00 “colheres” por pessoa levando para casa o kit de recordação (Tigela, caneca e livro).

FESTA DA SOPA - VI FESTIVAL DO CALDO





domingo, 16 de novembro de 2008


Lenda do Verão de São Martinho

Diz a lenda que quando um cavaleiro romano andava a fazer a ronda, viu um velho mendigo cheio de fome e frio, porque estava quase nu.
O dia estava chuvoso e frio, e o velhinho estava encharcado.
O cavaleiro, chamado Martinho, era bondoso e gostava de ajudar as pessoas mais pobres. Então, ao ver aquele mendigo, ficou cheio de pena e cortou a sua grossa capa ao meio, com a espada.
Depois deu a metade da capa ao mendigo e partiu.
Passado algum tempo a chuva parou e apareceu no céu um lindo Sol.


Provérbios

- No dia de S. Martinho vai à adega e prova o teu vinho.
- Mais vale um castanheiro do que um saco com dinheiro.
- Dia de S. Martinho fura o teu pipinho.
- Do dia de S. Martinho ao Natal, o médico e o boticário enchem o teu bornal.
- Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.
- Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho.
- Se queres pasmar teu vizinho lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
- Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
- Pelo S. Martinho, prova o teu vinho, ao cabo de um ano já não te faz dano.
- Pelo S. Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho.
- Pelo S. Martinho semeia favas e vinho.
- Pelo S. Martinho, nem nado nem cabacinho.
- Água-pé, castanhas e vinho faz-se uma boa festa pelo S. Martinho.

SAO MARTINHO



Em tempos idos, o São Martinho, nas aldeias da Beira, comemorava-se durante três dias do mês de Novembro: o dia dez era, no dizer do povo, o dia do papas, o dia onze o do rapas e o doze o do lembes, numa alusão directa aos amantes do vinho, também conhecidos como os “Irmãos de São Martinho” que, ano após ano, com grande “solenidade” e aparato festivo, davam provas da sua devoção tradicional ao vinho, claro, celebrando esta data três dias seguidos!
Era nestes dias que se abriam os pipos e se experimentava o vinho novo pois lá diz o rifão “Pelo São Martinho vai à adega e enxerta o pipinho.”
Em casa dos avós do João, do Miguel e demais primos que com eles viviam, à lareira, pois o frio cortava a respiração, a pequenada fazia o tradicional magusto: como também diz o ditado, “No dia de São Martinho mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.” As castanhas eram assadas na caruma e acompanhadas com um pouco de água-pé que, por condescendência dos adultos, podia nesse dia ser bebida por todos, pois que “Água-pé, castanhas e vinho fazem uma boa festa pelo São Martinho.”
A irreverência infantil, levava-as, não raro, a cometer pequenas diabruras tradicionais deste período. Pela calada, enfarruscavam as mãos nas panelas de ferro de três pernas, negras dos muitos anos de uso, e enegreciam as caras dos presentes não escapando a esta partida os mais velhos, já se vê!
Já noite serrada, a pequenada, empanturrada de castanhas, ia para a rua, bem encapotada, não que o frio era mais que muito, aguardava no local previamente combinado a chegada do resto da maralha e com campainhas, compradas para este fim e guardadas em velhas arcas no sótão da casa, latas pequenas com pedrinhas dentro ou latas maiores a servirem de tambores, percorriam as ruas da aldeia a tocar e a cantar:

“São Martinho, castanhas e vinho,
vinho novo tem bonita cor,
apagai o fogo e dai-me calor!”

A algazarra era tal que nem os animais descansavam, no quentinho dos seus currais, no piso térreo das casas de habitação. Para a miudagem, isso era o menos importante; o principal era manter a tradição de pé e disso se encarregava ano após ano.
Horas volvidas, regressava cada um a sua casa cansado da correria pelas ruas da aldeia, mas feliz, pois o ritual aprendido dos seus avós tinha-se cumprido, uma vez mais.


Maria Odete Madeira
(Chanceler-Mor da Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”)